setembro 03, 2014

02/03/2014

Este foi o dia mais importante da minha vida.

É controverso dizer isto e já vão perceber porquê. Mas a verdade é que é mesmo.

Às 3 da manhã, acordo com um desconforto sem explicação. A bexiga cheia, pensei. Levanto-me e qual não é o meu espanto quando sinto alguma coisa a escorrer pelas pernas. Já nem aguento o xixi, oh god. Mas não parava de escorrer, não podia ser xixi. É pá, rebentaram-me as águas. Fiquei em pânico. Não era agora, não podia ser. Tinha 38 semanas e a cesariana marcada para dali a uma semana. Estava em processo de preparação para o dia 8 e não para naquele dia.

Depois disto, foi tudo a correr. Ligar para o hospital, ligar à minha médica, pegar nas malas, avisar os meus pais... Entrei no Hospital Privado da Boa Nova às 4h e estive até às 9h à espera de seguir para o bloco operatório. Um verdadeiro terror. Eu, medricas a todas as horas, que quase desmaio a tirar sangue, ia ser operada de barriga aberta, como o povo diz. Pensei em tanta coisa durante esta espera que o pânico foi aumentando a cada minuto. Quando o anestesista apareceu  para me administrar a epidural eu estava aterrorizada e comecei a chorar sem parar.

Levaram-me para o bloco e o meu marido foi com o médico assistente para se preparar para assistir ao dia mais feliz das nossas vidas, ou pelo menos devia ser. Sozinha, numa sala fria com imensa gente à minha volta, não me consegui controlar e o meu medo foi crescendo e crescendo... eles diziam-me que já estava pronta e anestesiada, mas eu só pensava que não estava e chorava cada vez mais. Sem o meu marido, que ainda não podia entrar, o processo ia sendo adiado na esperança que eu me acalmasse. A equipa foi maravilhosa! Davam-me beijinhos e falavam comigo tão carinhosamente que até hoje ainda não consegui perceber o que se passou comigo. Quando, deitada na maca completamente perdida, a minha médica passou com aquela bata azul, de máscara e de braços no ar, foi o rebentar. Só me lembro do anestesista dizer respira e enfiaram-me uma máscara na cara.

Acordei com alguém a chamar por mim e a perguntar se tinha dores. Não tenho bem presente este momento mas sei que dores não tinha. Não sabia onde estava nem o que tinha acontecido, mas estava feliz. Acordei com uma felicidade enorme, bem disposta, como se não tivesse acabado de levar uma anestesia geral. Vi o meu filho pela primeira vez e sorri para ele. Lindo! O meu filho era lindo. O meu marido ao meu lado a chorar, tão preocupado que ainda hoje recorda esse momento com algum desconforto devido a tudo o que se passou.

Não fui capaz de ver o meu filho a nascer e até hoje me sinto mal por isso. Não consegui. Descontrolei-me de tal forma que o melhor foi dormir uns 20 minutinhos. O meu marido, já preparado para entrar no bloco para assistir ao nascimento do nosso menino, não o chegou a fazer porque ver-me a dormir com um tubo na garganta não era a melhor das recordações. Privei-o deste momento e ainda hoje lhe peço desculpa por isso.

A partir deste momento, foi o dia mais feliz da minha vida.

A recuperação, ai a recuperação. Foi dolorosa. Uma semana a "penar" com imensa dificuldade em fazer tudo. Nos primeiros 4 dias no hospital, e mesmo com medicação forte, não consegui tratar do bebé e foi o marido, que esteve sempre comigo, que tratou de tudo. Mas os dias foram passando e melhorava devagarinho. Foi complicado, para mim pelo menos foi, e lembro-me de pensar que nunca mais queria passar por aquilo.

Passados 6 meses já esqueci tudo e quero muito ter outro filho. É necessário um intervalo de 2 anos para engravidar de novo, isto porque foi cesariana. Mas já tenho muitas saudades da minha barriga.


Como foram as vossas experiências? Gostava tanto de saber ;)

Beijosss

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